Infarmed diz que comparticipações são uma "porta aberta ao abuso da indústria farmacêutica"

O presidente do Infarmed, Jorge Torgal, contou hoje no Parlamento episódios que revelam que a comparticipação estatal de medicamentos se pode transformar numa "porta aberta para o abuso da indústria farmacêutica".
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"Avisei o Governo anterior para o perigo das comparticipações serem uma porta aberta para o abuso da industria farmacêutica e infelizmente tive razão a curto prazo", afirmou Jorge Torgal, durante a audição na Comissão de Saúde marcada para discutir a proposta feita ao Governo, pelo Infarmed, no sentido de acabar com a comparticipação dos métodos contraceptivos e da vacina contra o colo do útero. O presidente da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) recordou acontecimentos ocorridos após o início da comparticipação da vacina do colo do útero que confirmaram os seus receios: "Poucos meses após a vacina ter sido comparticipada começou a aumentar a sua venda", apesar de ser indicada apenas para um determinado grupo etário e em situações específicas.

"Passado um mês já havia artigos em revistas da área da saúde dizendo que as senhoras se poderiam vacinar contra a vacina do colo do útero e as duas empresas que detêm a vacina fizeram aprovar na Agência Europeia do Medicamento uma extensão da indicação da vacina que diz apenas que quando ministrada a senhoras até aos 45 anos de idade não tem inconvenientes para a saúde das pessoas. Não diz que tem vantagens ou previne o dito colo do útero...", lembrou o responsável sobre a vacina cuja idade máxima recomendada são os 25 anos. Perante os deputados, o presidente do Infarmed lembrou que o objectivo do Ministério da Saúde "não é comparticipar a indústria farmacêutica, mas sim a saúde dos portugueses".

O Infarmed defendeu por isso o fim da comparticipação desta vacina, uma vez que "se a vacina está no Plano Nacional de Vacinação então não deve ser dada fora do plano. Se o Estado a oferece, os cidadãos devem usufruir dela e não ter vias alternativas". Se o fim da comparticipação dos métodos contraceptivos deixou os deputados de esquerda preocupados, a proposta do Infarmed relativamente à vacina do colo do útero foi consensual. Todos os deputados da comissão de saúde também defendem a avaliação regular das comparticipações que é feita pelo Infarmed.

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